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Compartilhando conhecimento e experiência
Planejamento estratégico e cultura organizacional
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC (Área de Concentração: Organizações e Gestão), como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração.
Por José Varela Donato. Não publicada.
RESUMO
O objetivo principal desta pesquisa foi averiguar a influência da cultura organizacional no processo de planejamento estratégico no Banco do Nordeste do Brasil. O trabalho foi empreendido em quatro fases: definição das fontes que permitiram revelar a cultura organizacional, bem como as experiências de planejamento; definição dos procedimentos metodológicos; coleta dos sinais reveladores da cultura e de informações sobre as experiências de planejamento; análise da cultura organizacional e das experiências de planejamento estratégico. Foram utilizados procedimentos essencialmente qualitativos, através de pesquisa documental e de entrevistas semidirigidas com 28 funcionários da organização pesquisada. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra e, depois, codificadas por tema, dimensão, cargo, local de trabalho e questões (número do roteiro das entrevistas). Quanto às informações colhidas na pesquisa documental, elaborou-se um índice remissivo onde se tinham, numa coluna, as dimensões do Quadro 3.1 e, em outra, as fontes de informação sobre cada uma das dimensões. A cultura organizacional desvendou-se em três níveis de manifestações — pressupostos básicos, valores esposados e artefatos —, relativamente a algumas dimensões culturais. Os resultados dessa etapa encontram-se no capítulo 4. Em seguida, empreendeu-se a análise das experiências de planejamento estratégico, procurando identificar a influência da cultura organizacional nesse processo, seja na estruturação da área que iria animar o processo, seja na maneira de conduzi-lo, seja na orientação estratégica, seja nas reações dos funcionários, cujos resultados se expressam no capítulo 5. Constatou-se que, no caso em estudo, a cultura organizacional influenciou marcantemente o processo de planejamento estratégico. Os pressupostos de que a direção geral é a fonte de boas ideias, dispõe de técnicos mais qualificados, informações suficientes e de que os problemas organizacionais exigem soluções exclusivamente técnicas, por exemplo, fizeram com que o planejamento estratégico fosse praticado de forma centralizada, com a participação mais efetiva de técnicos na fase de elaboração. Esta maneira de desenvolver o planejamento estratégico produziu várias consequências, como, por exemplo: falta de internalização do processo; descrédito, quando o planejamento não era visto como um instrumento de trabalho, mas como um “exercício acadêmico”; ciúmes; falta de apoio dos administradores. Notou-se também a influência da cultura organizacional na orientação estratégica traçada. Vale salientar que, na experiência de planejamento mais recente, do período 1990/1992, a cultura organizacional claramente se transformou num obstáculo ao planejamento, posto que este ia de encontro à cultura organizacional vigente. Entretanto, não se pode concluir que o processo de planejamento estratégico seja governado apenas pela cultura organizacional. Verificou- se que outros fatores como, por exemplo, o contexto e o conflito de interesses entre as pessoas tiveram influência na reação e nos resultados daquele processo.